Eduardo de Lima e Silva Hoerhann


Eduardo de Lima e Silva Hoerhann nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1896. Descendente direto do Duque de Caxias (Luís Alves de Lima e Silva), ingressou no SPI (Serviço de Proteção ao Índio) em 1912, inspirado nos feitos do Marechal Cândido Rondon.

Eduardo, já idoso


Chegou em Hammonia aos 18 anos, qualificado pelo SPI como Auxiliar de Fotografia. Porém, a pouca idade e formação não o impediram de protagonizar um feito: em 22 de Setembro de 1914, fez o primeiro contato pacífico com os Laklãnõ, nas margens do córrego Plate e do Rio Hercílio.

Eduardo com os Laklãnõ, após a "pacificação".

Este contato iniciou o controverso processo de "Pacificação". Para alguns, era o princípio do fim dos conflitos entre os habitantes originários e os colonos europeus, que levou a uma escalada de violência, com a contratação de "bugreiros" - bandos de homens armados que tinham a missão de afugentar - e até mesmo matar os índios - pela colônia.

Tropa de bugreiros com indígenas capturados


Para outros, o processo iniciado por Eduardo deu início ao longo processo de desintegração cultural dos Laklãnõ, que perderam suas características originais de caçadores e coletores e aceitaram o aldeamento.

Apesar de representar uma política indigenista amplamente defendida em seu tempo, em seus últimos dias Eduardo se dizia arrependido de seu feito. Dizia: "não voltaria a cometer esse pecado", afirmando que não se deveria destituir o índio de sua cultura.

O jovem Eduardo e os índios aculturados

Katanghara, como era chamado pelos Laklãnõ, tinha intensa correspondência com pesquisadores e antropólogos iminentes de seu tempo, como Curt Nimuendaju, Jules Henry (que chegou a morar com Eduardo na reserva Duque de Caxias) e Darcy Ribeiro, que o cita em seu livro "Os índios e a Civilização".

Faleceu em Ibirama, em 1976, e está sepultado no Cemitério Municipal.

Sepultura de Eduardo "Katanghara" no Cemitério Municipal de Ibirama



Referências Bibliográficas:

HOERHANN, Rafael. O Serviço de Proteção aos Índios e a desintegração cultural dos Xokleng (1927-1954). Florianópolis: UFSC, 2012.
SANTOS, Silvio Coelho dos. Os Índios Xokleng: memória visual. Florianópolis: Ed da UFSC e UNIVALI, 1997.
WITTMAN, Luisa Tombini. O vapor e o botoque: imigrantes alemães e índios Xokleng no Vale do Itajaí-SC (1850-1926). Florianópolis: Letras contemporâneas, 2007.

Autor: Cleandro G. Boeira, Museu Municipal Eduardo de Lima e Silva Hoerhann


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