Dalbérgia
Atualmente, Dalbérgia batiza um dos distritos do Município de Ibirama.
Porém, poucos sabem que este foi o primeiro nome dado a nosso município, quando da nossa emancipação. Segundo o decreto 498 de 17 de Fevereiro de 1934, assinado pelo interventor Aristiliano Ramos: "Fica criado o município de Dalbergia, cujo território que é, desmembrado de Blumenau, será constituído dos distritos de Hamonia, Gustavo Richard e José Boiteux (...)"
O nome Dalbérgia, segundo o decreto, "designa o gênero das árvores e de arbustos das famílias das leguminosas papilionaceas, tipo da tribo das dalbergias, profusamente representadas nas florestas existentes na região que ora se eleva em Município, constituindo preciosíssimas madeiras de lei"
O nome Dalbérgia, segundo o decreto, "designa o gênero das árvores e de arbustos das famílias das leguminosas papilionaceas, tipo da tribo das dalbergias, profusamente representadas nas florestas existentes na região que ora se eleva em Município, constituindo preciosíssimas madeiras de lei"
Porém, tanto o novo município quanto o seu nome não foram bem recebidos.
Decreto de emancipação do município de Dalbérgia
Hammonia, ou Dalbérgia, a época da emancipação
Havia um movimento significativo na época, que era contrário a fragmentação do município de Blumenau, e entendia que a emancipação dos distritos de Hammonia e outros, era consequência da divisão política que havia no Estado, entre as famílias Konder e Ramos (Em uma futura postagem, falaremos com mais detalhes do processo de emancipação da então colônia Hammonia).
Após a subida de Getúlio Vargas ao poder em 1930, a família Ramos, originária de Lages, tomou o poder em Santa Catarina e seus apadrinhados políticos chegaram ao governo do Estado, com Ptolomeu de Assis Brasil (1930-1932), Rui Zobaran (1932-1933), Aristiliano Ramos (1933-1935), e finalmente, Nereu Ramos (1935-1945), que inclusive chegou a ser Presidente da República, o único catarinense a ocupar o cargo.
Nereu Ramos, como Presidente da República, em 1955
Para afirmar-se politicamente, era necessário enfraquecer seus adversários, e a forma encontrada foi dividir Blumenau e Joinville, principais redutos eleitorais dos Konder. Além de Dalbérgia, surgiram os municípios de Timbó, Gaspar e Indaial. Blumenau, de mais de 7000 quilômetros quadrados, foi reduzida a pouco mais de 1600 quilômetros quadrados. O então distrito de Hammonia foi adicionalmente "punido" com a imposição do novo nome ao virar município.
Obviamente, boa parte dos cidadãos não gostou, não da emancipação, mas de como foi feito. Além do nome do novo município, que não agradou nem um pouco, a mudança da sede do município de Hammonia para o distrito de Neu Bremen (atual Dalbérgia!) foi encarada como uma pesada punição aos políticos locais e seu apoio aos Konder.
Todo o descontentamento da população foi resolvido quando da chegada de Nereu Ramos ao Governo do Estado. Em 7 de maio de 1935, o decreto do interventor, publicado no Diário Oficial do Estado, devolve ao município o nome de Hamônia, devolvendo também a administração do município para a antiga sede da colônia. Com este decreto, Nereu Ramos de forma hábil, cala a população descontente e atrai a simpatia dos contrários para seu governo. Com a "pacificação" política do Vale do Itajaí, estava consolidado o domínio da família Ramos em Santa Catarina.
Eduardo de Lima e Silva Hoerhann também teve uma grande ligação com esse nome. Seu nome indígena, Katanghara, caracteriza a madeira forte com o qual os Laklãnõ confeccionavam seus arcos (Dalbergia nigra). Além do fato de uma de suas filhas chamar-se Dalbérgia (Dalbérgia de Lima e Silva Hoerhann, posteriormente Dalbérgia Deucher, nascida em Ibirama em 1921 e falecida em 2007, em Brusque).
Inclusive, as más línguas da época diziam que a influência de Eduardo Hoerhann junto ao governo do Estado fez com que o nome de sua filha fosse dado ao município recém criado. Este boato foi amplamente difundido na época, em grande parte por causa do descontentamento com todo o processo de emancipação da colônia, que desagradou especialmente a Sociedade Colonizadora Hanseática.
Bruno Meckien, diretor da Sociedade na época, “criticou asperamente o fato de ter-se dado ao novo município o nome de Dalbérgia, que seria o ‘nome da filha mais velha do cacique dos bugres Eduardo de Lima e Silva Hoerhann'"*
Esta é a história do nome Dalbérgia.
Ao contrário das lendas envolvendo o nome, amplamente disseminadas no anedotário da cidade, a história se impõe. Dalbérgia está presente em nossa história desde a nossa emancipação, em 1934.
*COSTA, Alberto Coelho Gomes; SECCHI, Nelson (Coord.) Hansahöhe: o espírito do camponês, o júbilo do médico, o tormento do prisioneiro e outras histórias ao redor de sua construção. Ibirama/SC: Edigrave, 2011.
Autor: Cleandro G. Boeira, Museu Municipal Eduardo de Lima e Silva Hoerhann
Bruno Meckien, diretor da Sociedade na época, “criticou asperamente o fato de ter-se dado ao novo município o nome de Dalbérgia, que seria o ‘nome da filha mais velha do cacique dos bugres Eduardo de Lima e Silva Hoerhann'"*
Esta é a história do nome Dalbérgia.
Ao contrário das lendas envolvendo o nome, amplamente disseminadas no anedotário da cidade, a história se impõe. Dalbérgia está presente em nossa história desde a nossa emancipação, em 1934.
*COSTA, Alberto Coelho Gomes; SECCHI, Nelson (Coord.) Hansahöhe: o espírito do camponês, o júbilo do médico, o tormento do prisioneiro e outras histórias ao redor de sua construção. Ibirama/SC: Edigrave, 2011.
Autor: Cleandro G. Boeira, Museu Municipal Eduardo de Lima e Silva Hoerhann
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